RIO - Defendida pelo Ministério da Educação, a política de inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino é mais complicada do que sugere a teoria. Surdo, o estudante de administração Diego dos Santos Daris, de 21 anos, move uma ação na 3ª Vara Cível de Campo Grande, na Zona Oeste, contra uma faculdade por não dispor de intérprete adequado em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Mas a dificuldade de Diego, hoje instrutor de Libras numa escola municipal do bairro, começou bem antes.
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Durante a infância, na falta de um alfabetizador que soubesse a língua de sinais, Diego aprendeu a ler e escrever por esforço da mãe, Leila dos Santos. Durante todo o período em que o filho estudou na rede municipal do ensino fundamental, coube a ela repassar as lições em Libras.
" Hoje sei que a rede municipal dá mais acompanhamento. Mas, naquela época, tive que ensinar tudo a ele nas oito séries "
- Hoje sei que a rede municipal dá mais acompanhamento. Mas, naquela época, tive que ensinar tudo a ele nas oito séries - conta Leila.
No ensino médio, Diego teve a sorte de se matricular no Colégio Albert Sabin, da rede estadual, em Campo Grande, onde havia profissionais capacitados em Libras - época em que ele "deslanchou", nas palavras da mãe.
Os problemas voltaram no ano passado, quando Diego começou o curso de administração do Centro Universitário Moacyr Bastos, também em Campo Grande. Havia uma intérprete contratada pela instituição, mas ela, por ser também aluna, não dava atenção exclusiva ao rapaz.
- A intérprete passou a faltar às aulas. Ele voltava com dor de cabeça de tanto tentar acompanhar a leitura labial - conta a mãe.
Instituição alega que houve problema pessoalSegundo a reitoria da Moacyr Bastos, a faculdade tem dez anos de experiência com alunos com necessidades especiais. Para a instituição, o que ocorreu com o aluno foi um problema pessoal com a intérprete.
Diego se comunica por meio da Libras, língua que teve como berço o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras. A notícia de que o Ines estava ameaçado de fechar causou indignação ao estudante de administração, mesmo sem nunca ter frequentado a instituição de 154 anos.
- Diego disse que não era possível fechar o Ines, pois era uma referência cultural para todos os surdos - interpretou a mãe, ao lado do filho.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/04/01/estudante-surdo-processa-faculdade-por-falta-de-interprete-em-sala-de-aula-924144291.asp
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