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domingo, 3 de abril de 2011

Surdo que ‘descobriu’ a libras tarde, grava vídeo na internet e vira símbolo em audiência na Alerj pela defesa das escolas especiais 01/04/2011

João Gabriel Duarte, 21 anos, nasceu surdo e educou-se em escola para ouvintes. Não aprendeu libras, a língua brasileira de sinais. No máximo, quando criança, improvisou uma comunicação de sinais para conversar com um amiguinho também surdo. Seu mundo era o dos ouvintes. Foi preparado para utilizar a língua falada, aprendeu a fazer leitura labial e escreve e lê em português.

Mas no início deste ano tudo mudou na vida de João Gabriel. Convidado pelo amigo de infância, que estuda na Universidade Federal de Santa Catarina, ele foi à Florianópolis, aprendeu libras e entrou numa sala de aula com professores e alunos surdos. “Eu descobri minha identidade surda”, brinca João Gabriel, relatando que no mundo dos ouvintes tinha que se esforçar em dobro para entender as aulas, além de sofrer preconceito e bullying. “A minha situação na escola regular era a mesma que colocar uma criança ouvinte numa sala de aula só com surdos. Ela ia ficar perdida, como eu ficava”, completou.

Na semana passada, quando soube da ameaça de fechamento do Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines), não teve dúvida: caprichou na libras e gravou três vídeos para a internet, defendendo a escola especial de surdos para surdos. O sucesso lhe valeu um convite da comunidade para participar da audiência pública da Comissão da Pessoa com Deficiência da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com direito a um depoimento. “Contei que descobri a felicidade freqüentando as aulas com professores e alunos surdos”, conta João Gabriel. E já decidiu seu futuro: vai abandonar a graduação em Educação Física, na UFRJ, e fazer a faculdade de letras libras em Santa Catarina.

O depoimento de João Gabriel reforçou a convicção do deputado Márcio Pacheco, presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, pela manutenção das escolas especiais para surdos e cegos. “A educação inclusiva, levando os alunos para as escolas regulares, deve ser um processo e não uma imposição do Estado”, afirma o deputado.

Presente à audiência, na última quinta-feira, a superintendente do IBDD,Teresa Costa d’Amaral foi mais longe. “A educação inclusiva é um direito de todos. Mas a escolha da escola é um direito da pessoa com deficiência e sua família”, defendeu, apoiando a luta pela manutenção do Ines e do Instituto Benjamin Constant.

O senador Lindbergh Farias e o deputado federal Otávio Leite também se engajaram na luta e prometem, junto com o deputado estadual Márcio Pacheco, se reunir com o ministro da Educação, Fernando Haddad para pedir uma política de estado que garanta as escolas especiais.

Fonte: http://www.ibdd.org.br/noticias/noticias-noti-mar%C3%A7o%2002%20abrilem%20defesa%20do%20ines.asp

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